segunda-feira, 5 de março de 2012

A saúde pública no Acre:

De 1996 a 2012 as
 mudanças nos
últimos 16 anos
Em 1996  - O líder comunitário Expedito Monteiro, pioneiro na implantação do Movimento Comunitário do Acre, faleceu há duas semanas. Durante 18 anos foi  presidente da Associação de Moradores do bairro Abraão Alhab. Era presença  cativa nas reuniões da Umarb – União Municipal das Associações de Moradores de Rio Branco.

Como eu a época editada uma página voltada para  esse segmento no Jornal O Rio Branco, mantinha com ele contatos diversos, por vezes até mais de uma vez por dia. Tínhamos pois,  uma boa relação de amizade e respeito.
Certa vez,  durante uma conversa informal vi seu Expedito chorar. Coisa  rara dado sua personalidade reservada, porém forte.  Me contou da tragédia que tinha se abatido em sua família. Durante  uma discussão em jogo de sinuca em barzinho de propriedade do filho Tabosa, ele (Tabosa) teria interferido para acalmar os ânimos e findou por receber  o tiro que lhe atingiu a perna. A bala teria atingido a veia femoral e ele sangrava em abundância. Levado ao PS  se constatou não haver de plantão um médico Cirurgião Vascular.
O profissional estava de sobre aviso. Havia ido almoçar com a noiva em restaurante no Quinari e seu telefone estava desligado. Tabosa sangrou até morrer dentro do pronto Socorro de Rio Branco, por faltam de Assistência Médica. Isso ocorreu  1996, numa época em que a saúde no Acre era um caos completo.
Seu Expedito bateu as portadas da Justiça em busca de uma indenização que assegurasse no mínimo os estudos dos netos. Tabosa  tinha apenas 32 e era pai de quatro filhos. Anos se passaram e Seu Expedito me contou que a indenização que o Estado ofereceu era uma humilhação.  Ele não aceitou.  Recorreu ao Supremo Tribunal e a sentença favorável só saiu  no ano passado, segundo Etevaldo, irmão de Tabosa. Mas a indenização não é o foco do assunto que pretendo abordar.
Mas isso ocorreu há mais de 16 anos. E hoje?
Em 2012 - Minha mulher, Diva, conseguiu marcar um exame de desimetria óssea no Hospital das Clínicas em outubro do ano passado. Ficou de ser informada (por telefone) quando poderia ir  fazer o exame.
O telefone nunca chegou. No último  dia 27 de fevereiro ela( Diva) retornou ao Hospital para se informar sobre o exame. A atendente do setor de agendamento procurou sua requisição de exames e o localizou sob uma pilha de outros.  Informou que Clínica   não estava aceitando os exames da Fundhação (não disse mais deixou nas entrelinha que a suspensão era por falta de pagamento).
A paciente argumentou que o exame havia sido solicitado em outubro e portanto, há cinco meses. A atendente respondeu que a requisito tinha prazo de seis meses e que, portanto o ainda estava dentro do prazo. Mas que se ela (a paciente) “se quisesse poderia  ligar para a clínica e saber quando seu exame poderia ser feito”.
Diva ligou assim que chegou em casa  e para sua surpresa a recepcionista da clínica respondeu o seguinte: “Não deixamos de atender as requisições do hospital. Se  a senhora e quiser e puder vir ainda hoje temos vaga”.
Diva foi a clínica e fez o exame. Aguarda apenas o resultado para levar ao médico que o solicitou.
Como vemos, pouco mudou nos últimos 16 anos no setor de saúde. Dezenas de pessoas com esteoporose e/outras doenças, estão neste momento falando mal do governo. Estão injuriados por esperarem seis meses para fazer um exame, e sem esperanças de quando o  exame será feito.

O Governo investiu em recursos tecnológicos, estrutura física  impecável e medicamentos  não faltam. No mês passado a secretária de Saúde Suely criticou e causou maior alvoroço entre a classe médica,  ao  se referir a categoria como “Mercenários”.

As pessoas que atendem a população (vide depoimento do médico responsável pelos centro cirúrgico do Hospital das Clínicas  Leia aqui,   não estão nem aí.  Querem que a população morra. Não se importam  se o Governo investe milhões na saúde para que a população tenha um atendimento digno.
Não é o governo que emperra o setor de saúde. São os péssimos servidores  descompromissados, como essa moça que trabalha no setor de agendamento  de  exames do Hospital Geral das Clínicas.  São médicos que não cumprem escala de plantão ou chegam com horas de atraso  ao local de trabalho.  Neste aspecto, entre  o episódio que vitimou Tabosa, o filho do seu Expedito e dona de casa Maria Diva, nada mudou. O atendimento continua péssimo.

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